quarta-feira, 8 de agosto de 2018

CRIANÇAS NÃO-NASCIDAS: Reflexões sobre o Aborto & Constelações Familiares.






A minha interpretação do aborto tem mudado várias vezes nestes meus quase 50 anos de vida.

As constelações me trouxeram a mais recente delas. Hoje penso que a palavra aborto é a mais indicada para o que acontece se examinamos os fatos sem julgamentos. Quando dizemos que algo foi “abortado”, normalmente queremos dizer a interrupção de um processo ou de um projeto, certo?

O que é abortar no sentido biológico? É interromper, a manifestação neste mundo tridimensional, do percurso de um ser. Mas será que interrompe a vida desse ser? Será que esse ser não continua existindo em outros níveis?

As constelações nos mostram que é muito provável que o segundo caminho seja factível. A constelação não consegue descrever como seja este outro nível, mas permite ter acesso às informações dos que lá estão.

Há crianças não nascidas de vários tipos. Há 2 grandes grupos. Em primeiro lugar, as conhecidas, abortos espontâneos ou intencionais. Em segundo lugar, vêm as desconhecidas, são aquelas crianças que foram concebidas e abortadas sem conhecimento de seus pais, abortos acontecidos no início da gestação antes mesmo que a gravidez fosse detectada.

Quando se fala de aborto, às vezes ouvimos falar de assassinato. O que concebemos como assassinato? Creio que seja a interrupção de uma vida, muitas vezes de maneira violenta.

Se nas constelações é possível acessar informações desses seres que não estão entre nós, será que a sua vida foi interrompida?

Qual é a violência no aborto? A violência aqui é não dar a esse ser abortado um lugar na família de origem. Quantas vezes ouvimos dizer (ou nós mesmos dizemos) a uma amiga que acabou de abortar espontaneamente um bebê... “não se preocupa, logo você ficará grávida novamente”.

Quando vem o 2º filho o chamamos de 1º filho. Dupla violência neste caso. Este 2º filho carrega o peso de substituir aquele que não nasceu. E a violência não acaba ai. Não permitimos a essa mulher e a esse pai o direito do luto por essa criança, os estimulamos a esquecer logo do que aconteceu. Os apressamos a esquecer que esse ser um dia existiu.

No caso de um aborto intencional, somam-se a estas violências o julgamento daqueles que se sentem melhores, mais justos, mais corretos do que aqueles envolvidos no aborto: a criança, seus pais e aquele sistema familiar como um tudo. Para estes pais não é apenas sugerido, para eles é inadmissível sentir o luto do aborto.

Do ponto de vista sistêmico, há também 2 grupos de crianças não-nascidas: as esquecidas (ou excluídas do sistema familiar) e as que são consideradas membros da família. Essa é a única diferença a nível sistêmico.

A ordem sistêmica é restabelecida quando essas crianças não-nascidas são incluídas na família e quando o luto dos pais é permitido.

A escultura mostra uma criança abortada e a sua mãe. Isso é tudo o que ela pede, tudo o que ela necessita, o direito de ser reconhecida como parte da família e o fim do sofrimento de sua mãe (de seus pais).

A vida continua. Ninguém é capaz de impedir que ela aconteça
 Angela Moura Cunha

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