segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Manto de Retalhos-Uma história de Cura.


Manto de Retalhos
Uma história de Cura



... Certa vez tive um sonho, esses sonhos que se pode tocar cheirar, era muito real.
As mulheres de minha família reuniam-se em volta de uma fogueira e costuravam em oração.

Então passados uns tempos, em minha vida real, fui visitar minha família. Passada a noite na casa de meus Pais, ao amanhecer ouvia muitos risos e falas femininas, olhei para janela e lá estavam elas, como em meu sonho.
Não resisti, sai do quarto ainda de pijama, certamente foi minha alma menina que usou de suas asas, e num instante estava eu em meio aos beijos e sorrisos delas. Eram as Mulheres de minha vida. Todas as tias, Primas, Irmã e Mãe estavam batendo papo ao sol.

Fui aninhando-me entre elas e logo entre as muitas exclamações afetivas,
Contei a elas de meu sonho, e como aconteceu. Então a mais velha Tia, encarregou-se de organizar o encontro. Minha Mãe queria fogueira, por tudo que era sagrado. Assim na data marcada daquele ano, as primas, irmãs, filha, sobrinhas encontraram-se no terceiro dia da lua nova do mês de julho.

Cortinas com símbolos de cura nos envolviam em uma paisagem da Mata, coisas de minha mãe Artesã que Decora a Natureza com pinceis hábeis nas mãos da mãe terra.

O encontro acontecera no intuito de Consagrar um ciclo de minha existência, assim como no dia que cheguei a casa pela primeira vez,na vida, todas elas estavam lá, porém agora, com novas gerações.

Assim cada mulher teceu algo de forma sagrada em oração, fez um presente na forma de retalho para juntas unirmos em oração. Contaram histórias de como meu Pai e Mãe, deixaram meu corpo nu, e levaram-me ao meio da mata, erguendo-me a lua cheia, orando assim:

Lua luar, te apresento mina filha.
Ajude-me a criar!
Pai: Eu te abençôo minha filha.
Mãe: Eu te amo de todo coração.
Seja bem vinda!

Assim, outras e outras historias, de artes, brincadeiras, gostosuras e lágrimas foram sendo narradas, nesta grande roda... Pelas mais velhas.

A mãe contava da alegria quando saiu do Coma, após três dias, e encontrou-me viva,ela disse: “Eu senti tanta alegria, estava tão agradecida ao vê-la cheia de saúde depois de tudo que aconteceu”... Então juntas costuramos e tecemos um manto de cura, em oração, risos e lágrimas unindo os retalhos de todas as mulheres com suas orações bordadas.

Meu Pai, neste dia, enquanto preparávamos tudo, me contou:

Você estava na enferamria, quando parou de respirar pela terceira vez, passaram quase 5 minutos, eles te atiravam para cima, faziam massagens em teu peito, e nada.
Então para a surpresa de todos, passados uns 30 segundos, de silencio, e troca de olhares, eu que estava atrás do vidro vi tudo. Você voltou à vida.
Não é preciso dizer, que o que estava bordado em nossa colcha, eram orações de cura ao meu nascimento.

Então vivenciamos uma grande Constelação Renascimento, Falas de liberação e Reverencia entre eu e minha mãe, entre minha filha e eu entre todas as gerações que vieram antes de minha mãe..
Abençoando atrás de minha mãe havia mais seis mulheres de nossa família representando as 7 gerações de Mulheres, ordenando o feminino, o fluir do amor em minha vida.
Minha mãe batizou-me ..... e apresentou-me a todas as mulheres como Sahwenya nome espiritual que recebi em Sânscrito em minhas Meditações, através de meu Mestre interior.

Nome abençoado por meu Pai e Consagrado por minha Mãe.
“Sahwenya: ‘a que ouve o coração”

Nome que tomei no alto dos Andes em Machu Picchu.

Minha Prima mais velha, afilhada de minha mãe é dedicada ao autoconhecimento assim como eu, e juntas fomos tecendo o movimento de forma natural. No dia de nosso encontro ela foi a guardiã da Cura de nossa família.

Todas de alguma forma puderam falar de suas questões. Como forma de auxiliar na cura deste ciclo de minha existência deixando o sagrado derramar-se em seus corações. Apenas Divino.

Sou grata a todas elas, e fortes elos desde a infância fortaleceram-se e fortaleceram-me. Reverente ao Pai e a Mãe, consagrando a vida em meu coração. Eis o nascimento da gratidão a toda alma familiar no seio de minha família.

Ah... Quanto ao manto de retalhos faço uso dele para as cerimônias de cura, fiquei na família como a guardiã do Manto, pequena colcha de retalhos que conta a história de Cura da minha chegada a terra.
A colcha será passada de geração em geração para a tomada do amor e da vida.

No final de nosso encontro, olhem só, o que as primas naturalmente fizeram , dançamos todas em volta da fogueira.

Algumas disseram que bonito isto que fizemos, precisamos mais, ah, eu acho que estou precisando também de um manto... Isso é uma religião, perguntou minha tia...e assim fomos tecendo nossas conversas amigas.

Encerramos nossos esclarecimentos com um grande abraço, no antigo pátio , onde brotava água da terra, e brincávamos na infância.

Fomos então comer, reunir-mos com os homens da família que nos aguardavam e juntos celebrarmos com todos as boas coisas , delicias e gostosuras que amávamos comer quando criança, regada ao chá das erveira anciã.
Ganhei muitos presentes, poesias, orações de diferentes fés, e muitas histórias desse dia sagrado para contar.
Texto retirados dos escritos de Sahwenya Passuello.
Reverencia e Consagração a Alma Familiar.

2 comentários:

  1. Que linda história! Me emocionei. Gratidão pela partilha.
    Gratidão pela sua vida. Celebrada sejas!!!
    Ana Marcela

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  2. Amor amado,a colho com gratidão, teu olhar.Sim.Amor a vida.Celebremos, todas, nós, Irmã, querida.

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